sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O poder de dizer NÃO!


Nasceu em 1885, numa pequena aldeia do concelho do Carrgal do Sal, no sul do distrito de Viseu. Aristides pertenceu a uma família aristocrática e católica.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra
, tal como o seu irmão gémeo. Ambos enveredaram pela carreira diplomática; Aristides ocupará deste modo diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora: Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América.
Aristides de Sousa Mendes é cônsul de Bordéus
quando tem início a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e as tropas de Adolf Hitler avançam rapidamente sobre a França.


Salazar manteve a neutralidade de Portugal.
Pela Circular 14
, Salazar ordena aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusem conferir vistos às seguintes categorias de pessoas: "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos".
Entretanto, em 1940
, o governo francês refugiou-se, temporariamente na cidade, fugindo de Paris antes da chegada das tropas alemãs.
Dezenas de milhar de refugiados que fogem do avanço Nazi dirigiram-se a Bordéus. Muitos deles afluem ao consulado português desejando obter um visto de entrada para Portugal ou para os Estados Unidos, onde Sousa Mendes, o cônsul, caso seguisse as instruções do seu governo distribuiria um número reduzido de vistos.




Já no final de 1939, Sousa Mendes tinha desobedecido às instruções do seu governo e emitido alguns vistos.
A 16 de Junho
de 1940, Aristides decide entregar um visto a todos os refugiados que o pedirem: "A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião". Com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos, ele carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel disponíveis.
Confrontado com os primeiros avisos de Lisboa, ele terá dito: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus".
Uma vez que Salazar tomara medidas contra o cônsul, Aristides continuou a sua actividade de 20 a 23 de Junho em Baiona
(França), no escritório de um vice-cônsul estupefacto, e mesmo na presença de dois outros funcionários de Salazar.
Aristides continua a emitir vistos para os refugiados que cruzam com ele a caminho da fronteira, uma vez que a 23 de Junho, Salazar demitira-o de suas funções de cônsul.


Apesar de terem sido enviados funcionários para trazer Aristides, este lidera com a sua viatura uma coluna de veículos de refugiados e guia-os em direcção à fronteira, onde do lado espanhol não existe qualquer telefone. Por isso mesmo, os guardas fronteiriços não tinham sido ainda avisados da decisão de Madrid de fechar as fronteiras com a França. Sousa Mendes impressiona os guardas aduaneiros, que acabariam por deixar passar todos os refugiados, que com os seus vistos puderam continuar viagem até Portugal.




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