terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

ANO VIEIRINO




Comemoram-se este ano os 400 anos do nascimento daquele que foi um dos maiores escritores da lusofonia e cuja prosa marcou definitivamente a moderna língua portuguesa. Não se adivinham grandes comemorações à volta da data, o que é pena, pois seria uma excelente a oportunidade de dar a conhecer às gerações mais jovens um dos seus mais notáveis antepassados, e demonstrar como a sua genialidade de quase quatro séculos se mantém inapelavelmente actual.



QUANDO TUDO ACONTECEU...
- 1608: A 6 de Fevereiro, nasce em Lisboa António Vieira.

- 1614: Aos 6 anos parte para o Brasil, com família; seu pai fora nomeado escrivão da Relação na Baía.
- 1623: Aluno do Colégio dos Jesuítas na Baía, sente vocação religiosa.
– 1624: Os holandeses ocupam a cidade; os jesuítas, com Vieira, refugiam-se numa aldeia do sertão.
– 1633: Prega pela primeira vez.
– 1635: É ordenado sacerdote, é Mestre em Artes e exerce a função de pregador.
- 1638: Pronuncia nos anos seguintes alguns dos seus mais notáveis Sermões.
– 1641: Parte para Portugal na embaixada de fidelidade ao novo rei; é preso em Peniche no desembarque; torna-se amigo e confidente de D. João IV.
– 1642: Prega na Capela Real; publica um sermão avulso.
– 1643: Na "Proposta a El-Rei D. João IV "declara-se favorável aos cristãos novos e apresenta um plano de recuperação económica.
– 1644: Nomeado pregador régio.
– 1646: Inicia actividade diplomática indo à Holanda.
– 1647: Vai a França e fala com Mazarino.
– 1648: Emite um parecer sobre a compra de Pernambuco aos holandeses; defende a criação da província do Alentejo.
– 1649: É ameaçado de expulsão da Ordem dos Jesuítas, mas D. João IV opõe-se.
– 1650: Vai a Roma, para contratar o casamento de D. Teodósio.
– 1652: Parte para o Brasil como missionário no Maranhão.
– 1654: Sermão de Santo António aos peixes; embarca para Lisboa a fim de obter novas leis favoráveis aos índios.
- 1655: Prega na capital, entre outros, o Sermão da Sexagésima; regressa ao Maranhão com as novas leis.
– 1659: Escreve Esperanças de Portugal - V Império do mundo.
– 1661: É expulso, com os outros jesuítas, do Maranhão, pelos colonos.
– 1662: Golpe palaciano que entrega o governo a D. Afonso VI; desterro no Porto.
– 1663: Desterro para Coimbra; depõe no Santo Ofício sobre a sua obra Esperanças de Portugal.
– 1664: Escreve a História do Futuro; adoece gravemente.
– 1665: É preso pela Inquisição, depois mantido em custódia.
– 1666: Entrega a sua defesa ao Tribunal; é interrogado inúmeras vezes.
– 1667: É lida a sentença que o priva da liberdade de pregar; D. Afonso VI é afastado do trono.
– 1668: É mantido em custódia em Lisboa; pazes com Castela; é amnistiado, mas impedido de falar ou escrever sobre certas matérias.
- 1669 - Chega a Roma, prega vários Sermões que lhe dão grande notoriedade na Corte Pontifícia e na da Rainha Cristina; combate os métodos da Inquisição em Portugal; defende novamente os cristãos novos.
– 1675: Breve do Papa que louva Vieira e o isenta da Inquisição; regressa a Lisboa.
– 1679: Sai o primeiro volume dos Sermões; recusa o convite da Rainha Cristina para seu confessor.
– 1681: Volta à Baía e aos trabalhos de evangelização.
– 1683: Intervém activamente na defesa de seu irmão, Bernardo.
– 1688: É nomeado Visitador Geral dos Jesuítas no Brasil.
– 1691: Resigna ao cargo por força da idade e da falta de saúde.
– 1697: Morre na Baía, a 18 de Julho, com 89 anos.

Senhor de uma poderosa riqueza humana, moral e literária, Padre António Vieira aproxima-se de Fernando Pessoa pela sua imaginação verbal e pelo seu estilo de pensar.


Fernando Pessoa ter-lhe-à mesmo chamado "seu mestre
".

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