segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Exposição sobre Haydn

A Exposição está a decorrer na biblioteca a propósito do Dia do Compositor. (articulação com o grupo disciplinar de Educação Musical).



Franz Joseph Haydn (Rohrau, Áustria, 31 de Março de 1732 — Viena, 31 de Maio de 1809) foi um dos mais importantes compositores do período clássico e, a par de Mozart, Beethoven e Bach, um dos mais apreciados mundialmente.
Era irmão do compositor Michael Haydn e do tenor Johann Evangelist Haydn. Viveu a maior parte de sua vida na Áustria.
Haydn passou a maior parte da sua carreira como músico da corte e da família dos Esterházy.
Isolado de outros compositores, foi, segundo ele próprio, “forçado a ser original”.

INFÂNCIA

Haydn nasceu em 1732 na vila de Rohrau (Baixa Áustria). Oriundo de uma família pobre, foi o segundo de doze filhos de Matthias Haydn (carroçeiro) e Maria Koller (cozinheira).
Na família de Haydn ninguém estava ligado à música, apesar de Matthias Haydn (pai) ser um entusiasta da música folclórica e tocar harpa de ouvido.


Casa onde Nasceu Haydn

De acordo com os apontamentos de Haydn, a sua família era bastante musical na infância, cantando frequentemente com os seus vizinhos.
Os pais de Haydn, perceberam desde cedo que este tinha talento musical, no entanto sabiam que em Rohrau ele não teria hipótese de ter qualquer aperfeiçoamento musical sério. Por esta razão, aceitaram a proposta de um de seus parentes, Johann Matthias Franck, mestre de capela em Hainburg, com o qual Haydn viveria e viria a ter aulas de música.
Haydn, com apenas seis anos de idade, partiu com Franck (tio) e nunca mais voltou a viver com os seus pais.
A vida na casa de Johann Matthias Franck não era fácil para Haydn. Chegou a passar fome e humilhações. Haydn começou aprender a tocar cravo (instrumento musical de tecla), violino e cantar no naipe dos sopranos no coral da igreja.

Em 1740, Georg Von Reutter, director de música na catedral de Santo Estêvão, em Viena, impressionou-se com Haydn. Naquela época ele viajava pela Áustria procurando meninos cantores talentosos. Assim, Haydn foi para Viena, onde trabalhou durante os nove anos seguintes como coralista, estando nos últimos quatro na companhia do seu irmão mais novo Michael.

O TRABALHO COMO MÚSICO
Haydn, em 1749, já adolescente, deixou de poder cantar como soprano. Desta forma, abandonou o seu trabalho chegando mesmo a passar uma noite sem casa, no banco de um jardim, mas foi levado por amigos e começou uma carreira como músico independente.

Durante esse período, que durou dez anos, Haydn desenvolveu várias actividades, incluindo a de acompanhante do compositor italiano Nicola Porpora com quem veio a aprender os principais fundamentos da composição. Desta forma, escreveu o seu primeiro quarteto de cordas (grupo musical composto por quatro instrumentos de corda – dois violinos, viola de arco e violoncelo) e a sua primeira ópera. Durante este tempo, a reputação de Haydn começou a crescer gradualmente.

Quarteto de Cordas

OS ANOS COMO MESTRE DE CAPELA


Em 1759 (1757, de acordo com alguns), Haydn alcançou o seu primeiro cargo importante, como mestre de capela, para o conde Karl von Morzin. Nesse cargo, Haydn dirigiu a orquestra de câmara do conde e escreveu as primeiras sinfonias. O conde Morzin, posteriormente, passou por problemas financeiros levando-o a acabar com o seu estabelecimento musical, mas Haydn conseguiu de imediato outro trabalho, como mestre de capela assistente para a família Esterházys, uma das mais ricas e importantes do Império Austríaco. Quando o antigo mestre de capela, Gregor Werner, morreu em 1766, Haydn passou a ser o titular.

Como empregado dos Esterházys, Haydn também os acompanhava. Viveram no Palácio Esterháys em Eisenstadt, o seu palácio de inverno a cerca de 50 km. de Viena, e no Palácio Esterházys em Fertöd, o grande palácio da família, na Hungria. A Haydn também eram confiadas grandes responsabilidades, incluindo a composição, a regência da orquestra, a execução de música de câmara para os Esterházys, e eventualmente desenvolvendo produções para ópera.
Apesar do trabalho árduo, Haydn sentia-se feliz com esse trabalho. Os Esterházys eram conhecedores da música que Haydn desenvolvia e apreciavam o seu trabalho dando-lhe condições necessárias para o seu desenvolvimento artístico, incluindo o acesso diário à sua pequena orquestra.

Em 1770, com a segurança do trabalho como mestre de capela, Haydn casou-se. Contraiu matrimónio com Maria Anna Keller, uma mulher de pouca inteligência e rabugenta. Deste casamento não tiveram filhos. Especula-se que Haydn tenha tido filhos com a amante Luigia Polzelli, cantora na casa dos Esterházys, com quem viveu um longo romance.


Durante os quase trinta anos que Haydn trabalhou para os Esterházys, produziu uma grandiosa quantidade de obras, em que o seu estilo musical se foi apurando cada vez mais. A sua popularidade no mundo aumentou. Gradualmente, Haydn passou a escrever tanto para os Esterházys como para publicação.

Por volta de 1781, Haydn estabeleceu uma sólida amizade com Mozart, cujos trabalhos foram mutuamente influenciados durante muitos anos.

Haydn impressionou-se com o trabalho de Mozart. Nessa época, Haydn deixou de compor óperas e concertos – precisamente os dois géneros em que Mozart mais se notabilizou. Mozart, em contrapartida, escreveu seis quartetos para Haydn.


A ESTADIA EM LONDRES

Em 1790, o príncipe Nicolau morreu e foi sucedido por um outro que não gostava de música, deixando de proteger Haydn, este foi obrigado a hospedar-se numa pensão.


Assim, livre das obrigações, Haydn pôde aceitar uma oferta de um empresário alemão de seu nome Johann Peter Salomon, para visitar a Inglaterra e dirigir as suas novas sinfonias com uma grande orquestra.

A visita foi um grande sucesso. Rapidamente, Haydn adquiriu fama e riqueza.

Musicalmente, as visitas a Inglaterra proporcionaram-lhe dirigir algumas das suas mais famosas obras, incluindo as últimas 14 sinfonias, entre as quais a 94ª (Surpresa) e a 103ª (o “Rufar de Tambores”) e o Rondó Cigano, para trio de pianos .

OS ÚLTIMOS ANOS EM VIENA

Haydn quase se sentia um cidadão inglês, no entanto decidiu voltar para Viena, onde construiu uma casa e se dedicou à composição de grandes obras religiosas para coro e orquestra, entre as quais os últimos nove quartetos, os oratórios (género de composição vocal e instrumental, baseado em textos bíblicos ou assuntos religiosos) por exemplo a “A Criação”, escrita para coro, solistas e orquestra, “As Estações”, o “Te Deum” e seis missas dedicadas à família Esterházys, cujo príncipe era novamente inclinado à música. Estas obras marcam o ponto máximo da obra musical de Haydn.

A partir de 1802, Haydn começa a dar sinais de debilidade física e fica impossibilitado de compor, o que foi muito difícil para ele, uma vez que não parava de ter novas inspirações.


Mapa de Viena de Áustria

APARÊNCIA E PERSONALIDADE

Haydn era conhecido por ter uma personalidade tranquila e optimista.

Tinha um apurado sentido de humor, que chegou a ser percebido em algumas obras: na Sinfonia nº45 em fá sustenido menor, chamada Sinfonia dos “adeuses”, fez com que os músicos fossem parando de tocar um de cada vez, fechassem a partitura e saíssem da sala, até que só ficasse um único executante no final, como forma de mostrar ao príncipe que eles faziam jus a um tratamento mais condigno, visto que eram considerados meros serviçais do palácio. O príncipe, que era perspicaz, entendeu a mensagem passando a dar melhor atenção aos músicos da sua orquestra.
Em alguns casos, ele introduzia uma nota forte súbita, para evitar que os espectadores dormissem durante a execução. Era particularmente respeitado pelos músicos da corte que ele supervisionou, assim como os tratava cordialmente e representava efectivamente os interesses dos músicos.


Haydn tinha uma fé católica muito convicta. Sempre que terminava uma composição, escrevia as palavras “Laus Deo” (“Glória a Deus”), ou alguma expressão parecida no fim do manuscrito.
As suas diversões preferidas eram a caça e a pesca.

Haydn era feio (para o padrão de beleza dominante na época) e de baixa estatura, ficava surpreso quando as mulheres o seguiam durante as visitas a Londres. Cada um dos vários artistas que pintaram a face de Haydn durante sua vida tentou deixar transparecer a sua personalidade agradável, apesar de não se enquadrar naquele padrão de beleza.

OBRA


Haydn é considerado o “pai” da sinfonia clássica e do quarteto de cordas. Escreveu sonatas para piano, trios, divertimentos e missas, que se tornou a base do estilo clássico de composição da música erudita. Compôs, também, algumas músicas de câmara, óperas e concertos, que hoje não são tão conhecidos.

Haydn foi um dos compositores que mais influência teve na época do classicismo. O desenvolvimento da forma-sonata de um esquema rígido em uma maneira subtil e flexível de expressão musical, que se tornou dominante no pensamento musical clássico, é devido quase completamente a Haydn. Ele também criou a forma sonata, a forma de variação dupla, e foi também o primeiro a integrar a fuga e outros modelos contrapontísticos à forma clássica.

Haydn faleceu em 1809, aos 77 anos, após a tomada de Viena pelo exército francês de Napoleão Bonaparte.

Grupo de Educação Musical

domingo, 25 de janeiro de 2009

Educação ambiental

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

DIA INTERNACIONAL DO COMPOSITOR - Andrães


Os alunos da Turma 2 da EB1 de Andrães fizeram esta investigação no âmbito do "Dia Internacional do Compositor".



Alguns compositores famosos que nós pesquisámos:


Beethoven

Beethoven nasceu em Bonn, na Alemanha, em Dezembro de 1770. Há quem diga que foi o maior génio da música de todos os tempos. Outros afirmam que ele está além de qualquer classificação.
Mesmo surdo, por incrível que pareça, Beethoven continuou a tocar piano, reger orquestras e, sobretudo, a compor. Aliás, as suas obras mais famosas foram compostas quando ele estava parcialmente surdo, e sua obra prima, a nona sinfonia “ Coral” foi composta quando ele já estava totalmente surdo, não podendo por isso ouvir sua própria música.


Mozart

Mozart foi um dos maiores compositores da história . Ele conseguiu no seu curto período de vida deixar como herança para o mundo uma grande parte das mais bonitas e complexas composições musicais existentes.



Fernando Lopes- Graça


Nascido em Tomar a 17 de Dezembro de 1906.
É autor de uma vastas obra literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é a sua obra músical , da qual são assinaláveis os concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica nacional , Requiem pelas Vitimas do Fascismo (1979),o concerto para violoncelo encomendado e estriado por Rostropovich,e a vastíssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que constituem um marco na história da música pianista portuguesa do século xx.



O que é um compositor?


Composição musical é uma arte . O compositor é o profissional responsável por essa arte.
Através das notas musicais, acompanhadas ou não de letra , muitos aspectos de uma sociedade são
Revelados em termos históricos , sociológicos, estéticos e filosóficos.
A música expressa a cultura de um país ou região. E o compositor têm tarefa de revelar a cultura através de suas obras.
Gostamos de ouvir sinfonias de Beethoven e o Morzart .
Ouvimos também uma poesia e musicas de Fernando Lopes – Graça que é considerado um grande compositor português.
Foi uma investigação que nos deu muito trabalho mas ao mesmo tempo ficamos com mais conhecimentos científicos.
Foi com prazer que fizemos esta pesquisa.

DIA INTERNACIONAL DO COMPOSITOR

A flor e o sino


A flor e o sino

Como é que uma flor e um sino podem caber na mesma história?

Há-de ser difícil. A flor tão rasteira e o sino tão alto nada têm a ver um com o outro. Hão-de pertencer a histórias diferentes.

Talvez sim e talvez não…

A flor tinha acordado, na ponta de um caule, quando o sino se pôs a badalar. Abriu-se de espanto, porque nunca tinha ouvido música assim: tlim-dlão-dlim…

Mas tudo tem uma lógica, um começo, um antes do que está para vir. Nós contamos.

A erva donde a flor nascera tinha rompido a terra como um dedo espetado, que quer chamar a atenção:

— Perguntem-me porque nasci — gritava a erva, numa vozinha de erva-fina.

Ninguém lhe perguntava.

E ela, impaciente, sempre na sua:

— Perguntem-me porque nasci. Perguntem-me.

Estávamos bem servidos, se tivéssemos de dar conversa a todas as ervas do caminho…

— Então, não querem saber? Perguntem-me — teimava a erva.

Fartos de ouvi-la, debruçámo-nos, enfim, para a ervinha.

Logo ela, muito direita, na sua importância de erva fresca, nos disse:

— Nasci, sabem porquê? Nasci para dar uma flor.

Olha a admiração! Nisto o sino, tlim-dlão-dlim, tlim-dlão-dlim, e apareceu a flor.

— Quem me chama? Quem me chama? — perguntou a flor, que nasceu a falar.

O sino anunciava um casamento. Era o José mais a Maria que iam casar.

O noivo, antes de entrar na igreja, colheu, à beira da estrada, uma flor com que enfeitou a lapela. Logo por coincidência, a flor que tinha acabado de nascer.

Aí têm como um sino e uma flor podem caber na mesma história. Mas não acaba aqui.

Passado tempo, a flor desprendeu-se da lapela. Já tinha dado um ar da sua graça. Secou, desfez-se, juntou-se à terra. É sempre assim.

Na Primavera seguinte, mais coisa menos coisa, o sino outra vez a badalar: tlim-dlão-dlim, tlim-dlão-dlim.

Desta vez, era um baptizado, o do menino José Maria, filho de Maria e do José.

Depois, houve boda. No centro da mesa, um grande ramo de flores campestres, iguais à que viveu nesta história.

Tudo se multiplica. Pelos tempos fora, o sino vai voltar a bater e as flores a crescer. É uma história que não acaba.

António Torrado


sábado, 10 de janeiro de 2009

BLOG DA EB1 DE ANDRÃES

A Turma 2 da EB1 de Andrães quer partilhar convosco o seu blog.

cliquem aqui:
http://diariodaturma2.blogspot.com/

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Os magos que não chegaram a Belém


Os Magos que não chegaram a Belém

Há sempre os que conseguem e os outros. Os que ficam pelo caminho. Com os magos aconteceu o mesmo. Só três – os reis Baltasar, Melchior e Gaspar – chegaram a Belém e deixaram os seus presentes, de ouro, incenso e mirra, aos pés do Menino.

Mas os magos, sacerdotes que estudavam o céu e os seus astros, eram muitos. E outros se puseram a caminho, seguindo aquela estrela, súbito, nascida no firmamento e mais brilhante do que todas as outras que aqueciam a noite.

Desses, três sacerdotes da Caldeia, adoradores do sol e da natureza, porque dela se sentiam dependentes, decidiram também partir juntos para melhor enfrentarem os perigos de uma viagem, sem estrada conhecida, na esperança de alcançarem a Luz que aquele sinal anunciava. Não eram reis, nem tinham coroa, nem sequer montada de camelo ou burrinho manso. Também não levavam presentes, apenas a ansiedade dos seus corações. E, confiantes, abandonaram as margens verdes do Eufrates, o trilho conhecido das caravanas e, guiados pela estrela, puseram-se a seguir a liberdade dos caminhos, crentes de que a força da esperança e da fé (não conheciam ainda o Amor) lhes permitiria chegar. Onde? Não sabiam.

Mas lá, junto daquela Luz que havia de transformar o mundo, de águas transparentes, fulvos desertos varridos pelo vento e frescos oásis, que reflectiam o azul entre o verde nas palmeiras, no paraíso, aonde os homens ansiavam regressar. E nessa esperança caminhavam. Não por carreiros atapetados pelo musgo dos presépios, que vieram séculos depois, e se nos tornaram familiares, na infância, com seus trilhos fáceis de serrim, lagos-espelhinhos onde nadavam patos, anacrónicas gentes quotidianas: lavadeiras, vendedoras de castanhas e galinhas, pastorzinhos de gado tresmalhado por veredas, cortadas por mudos riachos de papel prateado.

Também não caminhavam por entre as sombras frondosas e frescas, com possibilidade de pousada em palácios e castelos, como quis a pintura e os seus mestres. Caminhavam pelo silêncio, com a sua fome e a sua sede, o calor do dia e o frio das noites, solitárias. Palmilhavam o oceano das dunas do deserto, à luz da lua, como se o fizessem pelo pó de todas as clepsidras do tempo. E nem sequer dormiam num leito, irmanados pelo mesmo lençol de pedra, como o românico fixou os outros três, mais conhecidos, com as suas coroazinhas na cabeça. Enrolavam-se apenas no sono que os descansava do cansaço dos dias e lhes dava novas forças, que refaziam com a água e as tâmaras dos oásis, o pão e os figos secos que tinham trazido.

Às vezes, quando o olho do sol se tornava ígneo ou paravam para uma refeição ou um descanso, discutiam a direcção que vinham a seguir.

— Não vos parece que a estrela aponta a Judeia? — perguntava um.

Os outros, incrédulos, pensavam secretamente se haveria alguma coisa a esperar de um povo escravizado pelos romanos e encolhiam os ombros.

— A mim parece-me antes o Egipto o rumo indicado — atrevia-se o mais novo.

— E a vós?

— É ainda cedo para uma certeza, mas em breve o saberemos...

E retomavam a caminhada até pela noite dentro – a estrela sempre adiante, lanterna que os não deixaria perder. Duas noites de névoa, porém, esconderam-na aos seus olhos, ansiosos. E então, desorientados, disputaram azedamente, perdidos e sem rumo. Todavia, na terceira noite, a estrela reapareceu, mais cheia de brilhos, como se no seu bojo houvesse mil reflexos de espelho.

Quem, conhecendo a Luz, deseja continuar nas trevas?

Nem sentiam o cansaço, a língua encortiçada pela sede, o olhar enceguecido pelas tempestades de areia, o ventre cavado pela marcha e pelo magro alimento. A esperança, serpente de água, a esgueirar-se, fugidia, entre os juncos, tinha regressado aos seus corações.A noite do solstício aproximava-se e eles estavam certos de que, se aquela Luz anunciava algum acontecimento, ele teria lugar na noite sagrada, pois o sol era a alegria e o pão da terra.

E, ao mesmo tempo, não podiam deixar de sentir uma certa inquietação em face daquela claridade que aumentava de brilho como a anunciar uma Outra que apagaria a do próprioastro de que eram adoradores.

Seria realmente aquela a Luz que tornaria o mundo de manhãs claras, tardes ardentes e noites estreladas, mais perfeito, menos rasgado por ódios, guerras e injustiças?

Quem podia ter a certeza?

Do que parecia não haver dúvidas era de que a estrela indicava a Judeia. Tinham de render-se à evidência. E nessa direcção seguiam agora, os pés já feridos do caminho, cada vez mais áspero e pedregoso. Mas, mesmo forçando a marcha e lutando contra o tempo e o cansaço, a noite desejada encontrou-os à boca do Mar Morto e a estrela fazia jorrar a sua cratera de brilhos mais para além, mais para o norte. Exaustos, não podiam seguir adiante. Mas o cristal de miríades de luzeiros, que pareciam mais belos e mais luminosos no silêncio suspendido do ar gelado, permitia-lhes procurarem uma gruta para se abrigarem e dormirem, antes de continuarem a jornada. E foi o que fizeram.

— Aqui! — gritou o mais jovem, que caminhava na dianteira.

Os outros, mais trôpegos e cansados, juntaram-se-lhe.

Era uma caverna escurecida pelo fumo das fogueiras dos pastores e que, embora vazia, parecia uma boca de forno, ainda quente do bafo dos animais.

— Escutem! — disse um deles.

À medida que penetravam na gruta, ouviam vagidos, que julgaram de animal ferido. Todavia, quando reacenderam o fogo, deparou-se-lhes uma criança recém-nascida, nua e roxa, a chorar de frio e fome.

— Quem teria tido a coragem de a abandonar?! — indignou-se o mais velho, que rasgou logo um pedaço de manto e a envolveu.

— Pobrezinha, como chora!

Os outros debruçaram-se também, carinhosos e solícitos, sobre o pequeno fardo. Depois olharam-se, perplexos.

Que fariam?

Podiam aquecê-la, protegê-la – mas como alimentá-la?

E foi então que ouviram, vindos do fundo da gruta, outros vagidos.

— Ide ver! — pediu o mais idoso, que se tinha sentado perto do lume, tentando aquecer a criança, enquanto a embalava,desajeitadamente, nos seus braços, nodosos e velhos.

Os outros juntaram uns gravetos secos e atearam-nos nos tições, acesos, e com aquela débil claridade varreram as sombras. No fundo da gruta estava uma ovelha, de úberes cheios e dolorosos, que lambia a sua cria morta.

Era uma noite santa aquela. Ali estava a prova.

E, contentes, arrastaram o animal até junto do companheiro e da criança. Depois, com muito jeito e devagar, enquanto um segurava o animal, o outro fazia pingar umas gotas de leite para a boquinha, que em breve se tornou sôfrega. Pacientes, continuaram a tarefa e viram-se recompensados. Aquecida e consolada, a criança aquietou-se.

O mago que a tinha nos braços, como um avô, e os outros começaram a tratar da magra ceia e a assar, nas brasas, os figos secos que lhes restavam.

— Temos de regressar... — disse, então, o mais velho, depondo a criança adormecida num recôncavo largo de rocha, não longe do borralho.

— Assim terá de ser — concordou logo outro.

— Somos homens e sacerdotes e nunca seremos uma família para a criança. Temos de nos apressar a entregá-la a uma mulher piedosa que cuide dela e a eduque juntamente com os filhos.

— Sim, ou a uma mulher estéril para quem seja a bênção desejada — tornou o primeiro.

— Mas isso resolveremos depois do regresso. O urgente é regressarmos.

— Regressar?! E a Luz que vínhamos a seguir? — protestou o mais novo, para quem era doloroso, depois de tantos trabalhos e canseiras, não levar a cabo o que se tinha proposto.

— Desistimos assim da Luz que nos guiou até aqui? Desistimos, agora, quando estávamos já perto?

— Compreendo o que sentes, irmão, também já fui novo... Mas há a criança. Como poderemos abandoná-la?

— Sim... há a criança — e também o mais novo, que tanto se tinha esforçado por alimentá-la, se inclinou e sorriu para vê-la dormir.

— A Luz que vínhamos a seguir — ponderou ainda o mais velho — não poderá ser ocultada e dela teremos notícia.Lembremo-nos de que a Luz ilumina e nem mesmo as trevas podem escondê-la para sempre. O nosso caminho é o do regresso e será longo, pois teremos de nos revezar com a criança nos braços, embora seja já uma bênção termos a graça de um alimento que ainda sobrará para um gole de sede nosso. Descansemos, agora, enquanto dorme.

— Tens com certeza razão — concordou o mais novo, que também não se sentia capaz de recusar a criança, presente da noite santa e, quem sabe, daquela misteriosa Luz.

O braseiro consumia-se, lento, perfumado pelo açúcar dos figos assados nas brasas. A ovelha deitara-se junto da criança, aninhando-a na sua lã, também ela apaziguada, como se tivesse recuperado a sua cria. Uma paz despetalava-se no silêncio da noite e caía sobre a gruta.

Esta foi a história. Não adoraram o Messias, salvador, o que devia chegar para que a paz e a justiça florissem até ao fim das luas, o que teria compaixão do fraco e do pobre e havia de lançar a sua bênção sobre todas as raças, povos e línguas.

O anjo do Senhor não lhes apareceu, nem foram envolvidos na sua claridade. Não ouviram cantar: «Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade».

Mas tinham vivido o Amor, essência daquela doutrina que ainda não tinha sido pregada e ninguém registara ainda. No mais íntimo dos seus corações tinham sentido aquela verdade:

«O que fizerdes ao mais pequeno e ao mais ínfimo a Mim o fareis».

E naquela noite, em que os animais falaram, as flores abriram o esplendor das suas pétalas nas trevas como se as entregassem à luz do meio-dia, e as pedras puderam deslocar-se para se dessedentarem nos regatos mais próximos, adormeceram com a criança aconchegada entre eles.

Longe, a estrela fazia descer a sua cascata de fogo sobre Belém de Judá.


Luísa DacostaNatal com Aleluia

Porto, Ed. ASA, 2002Adaptação

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O LIVRO NEGRO DAS CORES - brevemente em português




BOM ANO 2009 E BOAS LEITURAS

BOLETIM INFORMATIVO - Janeiro 2009

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domingo, 4 de janeiro de 2009

2009 ano europeu da inovação e da criatividade


Imaginar - Criar - Inovar
A criatividade conduz à inovação e é um factor chave para o desenvolvimento pessoal, ocupacional, empreendedor, de competências sociais e para o bem estar dos indivíduos na sociedade.
O Ano Europeu da Inovação e da Criatividade é uma iniciativa da Comissão Europeia.

2009 ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA