domingo, 20 de julho de 2008

A cerejeira da lua e outras histórias chinesas




A Cerejeira da Lua e outras Histórias Chinesas
António Torrado
Colecção:
Biblioteca António Torrado

Nº págs.: 62

ISBN: 972-41-3220-X



A Cerejeira da Lua e outras Histórias Chinesas reúne um total de 4 histórias, sendo uma delas inédita e tendo as restantes três sido já publicadas separadamente, em 1990, pelo Instituto Cultural de Macau. As ilustrações, realizadas propositadamente para esta edição, são de Alain Corbel, ilustrador francês residente em Portugal e galardoado com o Prémio Nacional de Ilustração relativo a 2002.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A guerra

Estamos a gozar as nossas férias, mas penso que as leituras estarão sempre presentes. Sempre que passar por aqui deixarei uma história para lerem. Espero que gostem.

A guerra



Era a guerra. Todas as manhãs os homens partiam para os campos de batalha. Os que regressavam à noite traziam os mortos e os estropiados. Havia guerra há tanto tempo que já ninguém se lembrava da razão por que ela tinha começado.

Vítor II, rei dos Vermelhos, contava e recontava os soldados do seu reino. “Dez mais vinte faz trinta; ainda posso acrescentar cinquenta… Oitenta homens! Oitenta homens não chegam para ganhar a guerra.” E começava a chorar. Felizmente para ele, Vítor II, rei dos Vermelhos, tinha um filho que se chamava Júlio. Júlio entrava na sala do trono e dizia: — Coragem, Pai! — E o rei tornava a ter coragem.

Armando XII, rei dos Azuis, também só tinha oitenta soldados e um filho. Mas, quando Armando XII ficava desanimado, o filho não sabia o que dizer. O filho de Armando XII chamava-se Fabiano e interessava-se pouco pela guerra. Passava os dias no parque, sentado num ramo. Um dia, Fabiano recebeu uma carta do príncipe Júlio:

Os nossos pais já quase não têm soldados; portanto, se és homem, pega no teu cavalo e na tua armadura. Marco-te encontro para amanhã de manhã no campo de batalha; bater-nos-emos em duelo e aquele que ganhar o combate ganhará ao mesmo tempo a guerra.

Assinado: Júlio

Fabiano suspirou. Nem por isso gostava muito de montar a cavalo. No dia seguinte, Fabiano chegou ao encontro montado numa ovelha.

— Em guarda! — disse Júlio.

— Béééé! — fez a ovelha.

Isto assustou o cavalo, que se empinou na vertical. Júlio caiu.

— Estás ferido? — perguntou Fabiano.

Mas Júlio estava mais do que ferido, estava morto. Os soldados vermelhos berraram: — O combate foi falseado!

Fabiano quis explicar-lhes que tinha sido um acidente, mas, como eles tinham piques e lanças, preferiu fugir.

Armando XII, rei dos Azuis, esperava-o.

— Devias ter vergonha! — ralhou ele.

— Mas eu não fiz nada — disse Fabiano.

— Justamente — respondeu o pai. — Vergonha e vergonha a dobrar; expulso-te do meu reino.

Fabiano escondeu-se no parque. Era de tarde e os soldados tinham recomeçado a guerra; então, Fabiano decidiu fazer uma coisa: decidiu escrever duas cartas, uma para Armando XII e outra para Vítor II. As duas cartas diziam exactamente a mesma coisa:

Estou em casa do rei Amarelo, Basílio IV, que me deu um grande exército. Portanto, se sois homens, pegai nos vossos cavalos e nas vossas armaduras. Marco-vos encontro para amanhã de manhã no campo de batalha.

Assinado: Fabiano

Armando XII recebeu a carta nessa noite. — A nulidade do meu filho, um grande exército? — disse ele. — Devem ser só para aí uns oito e eu faço picado deles.

Quando Vítor II recebeu a carta, encolheu os ombros; declarou que esmagaria esse vencedor de combates falseados. Meteu a carta no bolso e foi deitar-se.

Quando viu chegar o exército Azul, o rei dos Vermelhos exclamou:

— Que fazeis vós aqui, Senhores? Nós temos encontro marcado com o exército Amarelo; portanto, abandonem este local.

— Imaginai, Senhores, que nós também temos encontro marcado com o exército Amarelo.

— Não compreendo — disse Vítor II, rei dos Vermelhos.

— Eu também não — disse Armando XII, rei dos Azuis.

Compararam as duas cartas.

— Na sua opinião, quantos serão os soldados Amarelos?

— Talvez oito ou oitenta ou, talvez, oitocentos…

— Que importa, se os Azuis são verdadeiros heróis? — disse Armando XII.

E Vítor II replicou: — Os Vermelhos não temem ninguém.

Ao meio-dia, os Amarelos ainda não tinham chegado. Embora bravos e não receando ninguém, o que é certo é que a espera enerva:

— Senhores — disse Armando XII — creio que, face a oitocentos homens, devíamos aliar os nossos exércitos.

— É justo! — respondeu Vítor II.

Esperaram ainda toda a tarde. Às sete, os reis discutiram se haviam de regressar aos seus castelos, mas decidiram que não, que era melhor ficar, para o caso de os Amarelos chegarem de noite; e mandaram vir sanduíches. No dia seguinte, os Amarelos continuavam sem chegar. Então, começaram a instalar tendas e a acender fogueiras. Ao terceiro dia, as mulheres dos soldados vieram com as suas caçarolas e colheres, porque não era possível sustentar dois exércitos a sanduíches. Ao quarto dia, trouxeram os bebés. E, ao quinto dia, as outras crianças, que se aborreciam sozinhas em casa. Os mais velhos montaram comércios. Ao décimo dia, o campo de batalha parecia uma aldeia.

Fabiano pensou: “Não tenho exército nem nunca tive; mas, graças a mim, a guerra acabou.” Então Fabiano foi a casa de Basílio IV, rei dos Amarelos, para lhe contar a história. Basílio riu muito quando ele falou no exército imaginário, mas chorou um pouco pelo príncipe Júlio, morto tão estupidamente; e chorou até por todos os soldados, dos quais nem mesmo sabia o nome.

Basílio IV achou que Fabiano era o mais esperto e também o mais ajuizado; e, como não tinha filhos, pediu-lhe que fosse o príncipe dos Amarelos e que reinasse, mais tarde, no seu reino. O rei Fabiano foi um excelente rei. E, é claro, durante o seu reinado, nunca houve nenhuma guerra.




Adaptação

Anaïs Vaugelade
A Guerra
Porto, Editora AMBAR, 2002

Vejam como tudo isto dá trabalho

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A menina que roubava gargalhadas (PNL 2º Ciclo)


Menina que Roubava Gargalhadas de Inês Pedrosa



Ano de Edição: 2002

Formato: 21 x 17

Suporte: Livro

N.º de Páginas: 47

ISBN: 9789725645383





Breve Descrição: «Júlio Pomar é o pintor português em cuja obra se inspirou o conto A Menina que Roubava Gargalhadas da autoria de Inês Pedrosa. Este livro pertence a uma colecção dedicada a pintores portugueses. Em cada livro poderás encontrar um conto inédito inspirado na obra de um artista português. Tens ainda um texto, O Mundo de... que pretende apresentar, de uma forma acessível, partes da vida, da obra e dos principais interesses do artista escolhido. Para além disso, poderás conhecer, através de uma biografia resumida, o autor do conto.»

REGISTOS ANUAIS


Nunca foram contabilizados utilizadores que visitaram as exposições pedagógicas.

VIAJAR

Estamos todos de férias, certo? Vamos viajar? Experimentem viajar até www.wondersoftheworld.tv/ .
agora é só escolhar. Registem aqui os vossos comentários.

VIAJAR, viajar, viajar, viajar

domingo, 6 de julho de 2008

Não é só na net!!!!!