terça-feira, 12 de maio de 2009

A conversa com o demónio

O homem olha o entardecer na linda praia, ao lado da sua mulher, durante umas merecidas férias. Tudo parece absolutamente no seu lugar, e de repente, do fundo do seu coração, surge uma voz simpática, companheira, mas com uma pergunta difícil:

“Você está contente?”.

“Sim, estou”, responde.

‘Então olhe com cuidado à sua volta”.

“Quem é você?”.

“Sou o demónio. E você não pode estar contente, porque sabe que, cedo ou tarde, a tragédia pode aparecer e desequilibrar o seu mundo. Olhe com cuidado à sua volta e entenda que a virtude é apenas uma das faces do terror”

.E o demónio começa a mostrar tudo o que está a acontecer na praia.

O excelente pai de família que neste momento arrumava as coisas e ajudava os filhos a colocar um agasalho, que gostaria de ter um caso com a secretária, mas estava aterrorizado com a reacção da mulher.

A mulher, que gostaria de trabalhar e ter a sua independência, mas estava aterrorizada com a reacção do marido.

As crianças que se comportavam bem, com terror dos castigos.A moça que lia um livro, sozinha numa barraca, fingindo displicência, enquanto a sua alma se aterrorizava com a possibilidade de nunca encontrar o amor da sua vida.

O rapaz com a raquete a exercitar o corpo, aterrorizado pelo fato de precisar de corresponder às expectativas dos seus pais.

O velho que não fumava e não bebia dizendo que tinha mais disposição agindo assim, quando na verdade o terror da morte sussurrava como o vento nos seus ouvidos.

O casal que passou a correr, espalhando com os pés a água da arrebentação, o sorriso nos lábios, e o terror oculto a dizer que iam ficar velhos, desinteressantes, inválidos.

O homem que parou a sua lancha à frente de todos e acenou com a mão, sorrindo, queimado do sol, sentindo terror porque podia perder o seu dinheiro de uma hora para a outra.

O dono do hotel que veio cumprimentar os hóspedes no momento em que o sol se escondeu, tentando deixar todos contentes e animados, exigindo o máximo dos seus contabilistas, com o terror na alma porque sabia que – por mais honesto que fosse – os homens do governo descobriam sempre as falhas que desejassem na contabilidade.

Terror em cada uma daquelas pessoas na linda praia, no entardecer de tirar o fôlego. Terror de ficar sozinho, terror do escuro que povoava a imaginação de demónios, terror de fazer qualquer coisa fora do manual de bom comportamento, terror do julgamento de Deus, terror dos comentários dos homens, terror da justiça que punia qualquer falta, terror da injustiça que deixava os culpados soltos e ameaçadores, terror de arriscar e perder, terror de ganhar e ter que conviver com a inveja, terror de amar e ser rejeitado, terror de pedir aumento, de aceitar um convite, de ir para lugares desconhecidos, de não conseguir falar uma língua estrangeira, de não ter capacidade de impressionar os outros, de ficar velho, de morrer, de ser notado por causa dos seus defeitos, de não ser notado por causa das suas qualidades, de não ser notado nem pelos seus defeitos nem pelas suas qualidades.

“Espero que isso o deixe mais tranquilo”. terminou o demónio. “Afinal, você não está sozinho com os seus medos”.

“Por favor, não vá embora sem antes ouvir o que tenho a dizer”, respondeu o homem.

“Temos uma capacidade incrível para detectar dores, remorsos, feridas – ou terror, como você prefere. Mas uma vez, o meu pai contou-me a história de uma macieira que, de tão carregada de maçãs, não conseguia deixar que os galhos cantassem com o vento.

Alguém que passava perguntou porque é que ela não procurava chamar a atenção, como todas as outras árvores.

‘Os meus frutos são a minha melhor propaganda’, respondeu a macieira.Claro que não sou diferente de ninguém, e o meu coração abriga muitos medos.

Mas, apesar de tudo, os frutos da minha vida falam por mim, e, se algum dia acontecer uma tragédia, eu sei que não passei a minha vida sem arriscar”.

E o demónio, decepcionado, partiu para tentar assustar outras pessoas mais fracas.


Paulo Coelhowww.paulocoelhoblog.com(adaptação)Viva, 26 Junho 2007

sábado, 9 de maio de 2009

DIA DA EUROPA


sábado, 2 de maio de 2009

BOLETIM INFORMATIVO - Maio 2009

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quinta-feira, 30 de abril de 2009

A sociedade dos bons sentidos

A sociedade dos bons sentidos


Eram duas orelhas. Só duas orelhas.
Estavam num grande cartaz que anunciava uma marca de aparelhos de rádio: PARA OS RÁDIOS THO-KATU-DO SOU TODO OUVIDOS.
O anúncio passou à história – será esta? – e as orelhas ficaram desempregadas. Que fazer?
Deu-lhes para voar sobre a cidade, como uma borboleta gigante, à procura de poiso.
Foram ter a um ferro-velho ao ar livre, onde, no meio de muita tralha, repousavam, sem préstimo, uns óculos gigantes, com o respectivo nariz. Tinham estado pendurados na fachada de uma loja de oculista, que mudara de ramo.
Associaram-se as orelhas aos óculos mais o nariz. Já não faltava tudo.
A borboleta que voava, agora, sobre os telhados da cidade estava mais completa. Ouvia, via e cheirava.
Operários andavam a desmontar do alto da porta de uma luvaria uma grande mão enluvada. O prédio ia ser deitado abaixo. A quem interessava uma luva sem luvaria?
Interessava à nova sociedade Orelhas, Óculos & Nariz, Ldª, em franco progresso.
Mesmo enluvada, a mão tinha tacto, pegava em coisas, dizia adeus. Era uma colaboradora imprescindível.
Se as orelhas ouviam, se os olhos atrás dos óculos viam, se o nariz cheirava e se a mão tacteava, o que é que faltava, para completar os cinco sentidos?
— Faltava a boca! — não disseram eles, porque não tinham boca para dizer.
Pois faltava a boca, que é a porta do paladar e, além disso, que fala, ri, assobia, beija. Ter boca dá imenso jeito.
Mas encontrar uma disponível?! Quem a tem, guarda-a para si. Não ia ser fácil.
A sociedade Orelhas, Óculos, Nariz & Mão, Ldª, resolveu pôr um anúncio no jornal:
BOCA
Precisa-se. De preferência, com dentes. Resposta a este jornal, ao nº tal e tal.
Responderam vários candidatos. Ofereceu-se uma dentadura, mas sem boca, o que não era conveniente.
Ofereceu-se a Boca do Inferno, um precipício sobre o mar de Cascais, o que estava fora de causa. Ofereceu-se um pudim chamado Boca Doce, também a despropósito.
Ofereceu-se uma boca de favas, que ninguém percebia. Por isto ou por aquilo, todas as bocas que apareceram foram rejeitadas. A boca do estômago, a boca de incêndio, a boca da noite e outras bocas e boquinhas não vinham para o caso.
— Parece que ficamos sem boca — não disseram eles, que não tinham boca, mas pensaram.
Até que lhes apareceu um coração, um lindo coração doirado de noiva minhota, que se apresentou nestes termos:

— Faço as vezes da boca que vos faz falta, porque tenho o coração ao pé da boca.
Onde? Não se via, mas eles acreditaram. Havia tanta franqueza naquele coração de oiro, que tudo o que ele dizia tinha de ser verdade.
E provou.
O MAIOR ESPECTÁCULO DO MUNDO, anunciava a cara cheia de um palhaço, de grandes orelhas e óculos estapafúrdios, sobre o nariz pintado, a apontar, com a mão enluvada, a entrada de um circo.
Não passava despercebida.
Aquela cara inocente de palhaço tinha a boca ao pé do coração. Ou vice-versa. E cinco ou mais sentidos de alegria, sempre generosos e prontos a apresentar o maior espectáculo do mundo que é a vida. Ou vice-versa.

António Torrado

www.historiadodia.pt

quinta-feira, 23 de abril de 2009

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO

O Dia Internacional do Livro teve a sua origem na Catalunha, uma região semi-autônoma de Espanha.
A data começou a ser celebrada a 7 de Outubro de 1926, em comemoração ao nascimento de Miguel Cervantes, escritor espanhol. No ano de 1930, a data comemorativa foi transferida para 23 de Abril, dia do falecimento de Cervantes.
Mais tarde, em 1966, a Unesco instituiu 23 de Abril como o Dia Internacional do Livro e dos direitos dos autores.
Consultem:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DA TERRA

terça-feira, 21 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DA TERRA


Esta a decorrer uma exposiçao sobre o planeta terra no atrio da biblioteca, organizada pela disciplina de Geografia. Nao percas, ha imagens lindissimas do planeta azul e ainda uma projecçao em power point.